Apesar do número de
casos confirmados de leptospirose no Rio Grande do Norte não ser alarmante, a
possibilidade de ocorrência da doença tem preocupado as autoridades de saúde do
Estado, devido às chuvas que têm caído principalmente na capital. Doença infecciosa
causada por uma bactéria chamada "Leptospira", presente na urina de
ratos e outros animais, é transmitida ao homem principalmente nas enchentes e
nas lamas. As periferias das cidades que acumulam água de chuva e lixo são as
áreas mais vulneráveis ao risco de contaminação. A Secretaria de Estado da
Saúde Pública (Sesap) alerta a população para alguns cuidados de prevenção que
são simples, mas eficazes.
Segundo dados da
Subcoordenadoria de Vigilância Epidemiológica (Suvige) da Sesap, foram 142
casos confirmados da doença nos últimos sete anos. Desse total, 13 pessoas
foram a óbito, sendo 5 somente em Natal. No ano de 2012, foram 13 casos
confirmados no estado. Já neste ano, até o momento, a Sesap confirmou apenas
duas ocorrências. Historicamente, o município de Natal foi o que registrou
maior número de casos confirmados. São 44 desde 2007, seguido de Frutuoso Gomes
(17), São Miguel (10) e Cruzeta (9). Em Natal, os bairros de Felipe Camarão,
Bom Pastor e Nova Descoberta foram os que registraram maior número de casos
confirmados.
O contato com água ou
lama de esgoto, terrenos baldios, lagoas ou rios contaminados com a presença de
ratos é a maneira mais comum de contrair a doença, porque as
"leptospiras" presentes na água penetram no corpo humano pela pele,
principalmente se houver algum arranhão ou ferimento. Para o controle da
leptospirose, segundo informa a bióloga do Setor de Endemias da Suvige, Ximenya
Lopes, independente de providências ligadas ao meio ambiente, como saneamento
básico e melhorias nas habitações, é possível prevenir a doença com alguns
cuidados básicos a começar na própria residência.
Ela orienta os pais ou
responsáveis para não permitirem que crianças nadem ou brinquem em águas ou
outros ambientes possíveis de estarem contaminados pela urina dos ratos, como
também chama a atenção para o armazenamento e o acondicionamento apropriados de
alimentos, além do destino adequado do lixo. Ela também alerta para a
desinfecção e completa vedação de caixas d´água como medidas preventivas a serem
tomadas periodicamente. "Isso evitará a presença de ratos, mas as medidas
de desratização, que consistem na eliminação direta dos roedores através do uso
de raticidas, devem ser realizadas por equipes técnicas devidamente
capacitadas", explicou.
O hipoclorito de sódio
a 2,5% (água sanitária) mata as leptospiras e deverá ser utilizado para
desinfetar reservatórios de água (um litro de água sanitária para cada 1000
litros de água do reservatório), locais e objetos que entraram em contato com
água ou lama contaminada (um copo de água sanitária em um balde de 20 litros de
água). Durante a limpeza e desinfecção de locais onde houve inundação recente,
deve-se também proteger pés e mãos do contato com a água ou lama contaminadas.
SINTOMAS E TRATAMENTO
Os sintomas são
parecidos com os de outras doenças, como a gripe e a dengue. A pessoa que
apresentar febre, dor de cabeça e no corpo, principalmente nas panturrilhas,
alguns dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou
esgoto, deve procurar imediatamente uma unidade de saúde mais próxima. "A
leptospirose é uma doença curável, para a qual o diagnóstico e o tratamento
precoces são a melhor solução. Mas o problema é que, por parecer uma simples
gripe, muitas pessoas ignoram os sintomas e só procuram atendimento no estágio
mais grave da doença, quando apresenta icterícia (coloração amarelada da pele e
dos olhos) e hemorragias, em situação que já necessita de internação
hospitalar", diz Ximênia Lopes. Além disso, a bióloga explicou que a doença
pode provocar também insuficiência renal, hepática e respiratória, podendo
levar à morte se não tratada a tempo.
O tratamento é baseado
no uso de medicamentos e outras medidas de suporte, orientado sempre por um
médico, de acordo com os sintomas apresentados. Os casos leves podem ser
tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam de internamento.
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