Conhecida
como Calazar, a Leishmaniose Visceral (LV), é uma doença crônica, que, quando
não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos. No Rio Grande do
Norte, desde o início deste ano até julho, foram notificados 88 casos suspeitos
de LV, com 47 confirmações e três óbitos. Os dados são do mais recente boletim
epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (17), pela Secretaria de Estado da
Saúde Pública (Sesap), por meio da Subcoordenadoria de Vigilância
Epidemiológica.
Em todo o ano de 2018, foram 162 casos
notificados da doença, dos quais 102 foram confirmados, com a ocorrência de
seis óbitos. No estado, a Leishmaniose Visceral está dispersa em todas as
regiões de forma heterogênea, concentrando o maior número de casos nas áreas
urbanas e próximas, nos municípios que possuem maior concentração populacional.
A doença no RN apresenta maior frequência em
indivíduos do sexo masculino e afeta predominantemente adultos acima de 20 anos
de idade. A LV é mais grave em pessoas com imunidade baixa, como
imunodeprimidos. Dessa forma, a presença da infecção simultânea por LV e
HIV-Aids é um fator importante a ser considerado, já que indivíduos nessa
situação apresentam maior risco de morte. Em 2019, de janeiro a julho, foram
confirmados 12 casos de infecção simultânea por LV e HIV. Em todo o ano de 2018,
foram 25 casos de coinfecção.
A Leishmaniose Visceral é transmitida através da
picada de certas espécies de mosquito, sendo o principal vetor no Brasil e no
RN a espécie longipalpis (conhecido como mosquito palha,
asa-dura, entre outros). Suas larvas se desenvolvem em ambientes terrestres
úmidos, escuros e ricos em matéria orgânica.
Sintomas e tratamento
No homem, os principais sintomas da LV são:
febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza,
redução da força muscular e anemia. O diagnóstico laboratorial da LV é gratuito
e os exames imunológicos para diagnóstico estão disponíveis no Laboratório
Central (Lacen), laboratórios regionais e nos hospitais de referência para
diagnóstico e tratamento no Estado, como o Hospital Giselda Trigueiro, Hospital
Infantil Varela Santiago, em Natal, e o Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró.
Apesar de grave, a Leishmaniose Visceral tem
tratamento gratuito para os humanos, disponível na rede de serviços do SUS.
Leishmaniose Visceral Canina
Além dos humanos, a LV é transmitida a cães,
raposas e marsupiais. A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma doença crônica
progressiva, que produz grandes impactos na saúde pública. O cão é considerado
a principal fonte de infecção no ambiente urbano, em virtude da elevada
susceptibilidade à infecção. Assim, a presença de cães soropositivos é visto
como um fator de risco e está diretamente associada à infecção humana.
No RN, do início de 2019 até julho foram
encontrados 1.037 cães positivos para Leishmaniose Visceral entre os 10.979
examinados. Diante disso, um dos pilares do Programa de Vigilância e Controle
da Leishmaniose Visceral é a realização de sorologia canina e eutanásia dos
animais comprovadamente infectados que não estão em tratamento.
Prevenção
De acordo com a técnica responsável pelas
Leishmanioses da Sesap, Iraci Duarte, a prevenção e controle da LV ocorre por
meio do combate ao inseto transmissor e de ações voltadas para o reservatório.
Para isso, recomenda-se a limpeza periódica dos quintais, retirada da matéria
orgânica em decomposição (folhas, frutos, fezes de animais e outros entulhos
que favoreçam a umidade do solo, locais onde os mosquitos se desenvolvem). É
necessário fazer o destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir o
desenvolvimento das larvas dos mosquitos.
A técnica recomenda, ainda, a limpeza dos
abrigos de animais domésticos, além da manutenção desses animais distantes do
domicílio, especialmente durante a noite, a fim de reduzir a atração dos
insetos transmissores para dentro do domicílio. Para áreas com elevado número
de casos da doença, é indicado o uso de inseticida.
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