Após o nascimento
prematuro, Miguel teve que ser internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Neonatal de um hospital privado na cidade de Natal e, desde então, o pequeno é
um dos beneficiados com o Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Escola
Januário Cicco, vinculada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(MEJC-UFRN) e à Rede Ebserh.
Marcelo Medeiros, pai
do Miguel, explica que a esposa teve alta enquanto o recém-nascido permaneceu
no hospital internado, o que acarretou na baixa produção de leite, devido à
falta de estímulo. “Recorremos ao banco de leite da Januário Cicco, fizemos
campanha buscando mães que poderiam doar leite para nosso filho e desde então ele
se alimenta e sobrevive com o leite que é doado”, afirma.
Juliana Silva, dona de
casa e mãe de Maria Evelin, é uma doadora assídua de leite materno e uma das
mães que fazem doação para o pequeno Miguel. Ela relata que consegue amamentar
sua filha e ainda doar parte do alimento para outros bebês. “Produzo muito
leite, amamento minha filha, ela fica satisfeita e ainda faço doação para o
banco de leite da Maternidade. Fico feliz em ajudar mães que não produzem leite
suficiente para alimentar seus filhos”, relata.
A realidade da família
do Miguel é a mesma de tantas outras que concretizam o sonho de ter filhos,
porém as mães não conseguem alimentar seus filhos com o próprio leite. Na MEJC,
referência em partos de alto risco e cuidados com bebês prematuros, incentivar
a amamentação é essencial. Segundo Ana Zélia Pristo, coordenadora do Banco de
Leite Humano da Maternidade, o trabalho realizado pela Instituição é contínuo,
tanto no que tange o incentivo da amamentação e à doação, como também no
auxílio e na orientação às mães.
“Trabalhamos com o SOS
Mamas que consiste em auxiliar às mães que apresentam alguma intercorrência no
período da amamentação, seja uma pega incorreta, uma fissura na mama, um bebé
que recusa o peito ou chora muito quando vai mamar. Mães que precisam fazer
ordenha devido à grande quantidade de leite, auxiliamos todas as mães que nos
procuram, sejam elas nossas pacientes ou não”, explica.
É o caso de Josimaria
da Silva, 29 anos, dona de casa, residente em Itajá, interior do Rio Grande do
Norte e mãe de Hisadora que nasceu prematura no dia 21 de junho. A mãe relata
que no início chegou a fazer uso do leite disponibilizado pelo banco de leite
da Maternidade, mas agora ela mesma já consegue amamentar a filha e que as
orientações recebidas pelos profissionais ajudaram muito no estímulo da
produção de leite. “No início minha filha tinha dificuldade para pegar o peito,
mas agora já está mais fácil. Esta é a segunda vez que sou mãe e confesso que o
sentimento de amor é inexplicável, no momento da amamentação, no contato direto
que temos com nosso filho, é uma doação mútua”, descreve.
Com relação ao
processamento e ao controle de qualidade do leite, Ana Zélia salienta que o
banco é responsável por todo o processo de análise, sendo descongelado logo
assim que chega ao banco para passar por um processo de seleção e
classificação. “Primeiro, é preciso avaliar o aspecto do leite e observar se
ele foi armazenado e transportado corretamente, posteriormente é feita a
classificação do volume do leite, se ele é colostro ou se já é maduro e logo
após avaliamos a quantidade de gordura, já que nem todo leite pode ser dado a
qualquer bebê”, ressalta.
“Uma vez feito esse
processo, acontece ainda a pasteurização e o controle de qualidade. Só depois
de todas essas etapas o leite é congelado e passa a ter uma validade de seis
meses”, completa a especialista.
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